Fisiologia da Gravidez, do Nascimento e do Pós-parto; Tornando-se um Nascimento Doula.

LUTO

A DIFICIL FASE

Nível do Curso: Básico

Descrição do Curso LUTO

Perda gestacional e neonatal


Socialmente, ser mãe continua a ser um ato convencional. Contudo, hoje em dia, nas mulheres pós-modernas, ocidentais e de classe média depara-se a presença de um direito fundamental, o direito de escolha.
a maternidade é valorizada. 
Desta forma, o desejo de ter um filho enaltece-se de extrema intensidade, que pode facilmente, ser confundido com a sensação de motivação inata. É possível referir, que os fatores históricos e socioculturais condicionam a forma como é percepcionada a gravidez e a maternidade (Canavarro, 2001).
A maternidade e a paternidade são fenômenos complexos inerentes ao ciclo dos humanos, com todas as suas particularidades e especificidades que exigem uma adaptação elemento: o filho. Maternidade e paternidade são então considerados processos de transição. De todas as transições, tornar-se pai ou mãe é uma transição especialmente crítica porque é permanente e o grau de sucesso com que é realizada implica diretamente a saúde dos pais, como interfere com a saúde e desenvolvimento do filho. Implica constantes aprendizagens e readaptações constantes, perante os novos papéis adquiridos (Martins, 2013).O desejo de a mulher se “tornar mãe” e de o homem se “tornar pai” está intrinsecamente relacionado com a história individual de cada um e da dimensão do desejo que é atribuída por ambos.


A mulher ser mãe e o homem ser pai é um dos momentos mágicos e mais complexos no decurso da vida humana. Um fenômeno da natureza que abrange sentimentos e emoções diversas, díspares, inexplicáveis, congruentes e incongruentes. Após a confirmação da gravidez, tanto a mulher, como o casal e restante família predispõe de nove meses para se adaptarem aos novos papéis reconhecidos socialmente. Ensaiam papéis e tarefas, que facilitam a ligação afetiva ao bebé. No decorrer deste limite temporal a mulher/casal e família podem referir ansiedades, fantasias e reflexões associadas ao projeto maternidade/paternidade (Canavarro, 2006).

 LIGAÇÕES AFETIVAS DA DÍADE AO FETO


No decorrer da gravidez começam a emergir sentimentos e emoções, e até algumas inquietações nunca sentidas, relativas à evolução da gestação, assim como, sobre o futuro da mesma. Como já foi acima referenciado, logo após a confirmação da gravidez, a mãe e o pai começam a demonstrar comportamentos e atitudes que têm um objetivo único, iniciar uma relação precoce com o filho, que se encontra e que adquire aptidões dia após dia no ventre materno. A ligação afetiva do pai ao filho pode ser tão intensa como a relação afetiva da mãe, uma vez que durante a gravidez e a forma como se envolvem nela assim se assumem 28 como premissas da relação estabelecida. Contrariamente, os autores consideram que, por vezes, os pais não conseguem estabelecer uma ligação afetiva sólida com o bebé, ou seja, este processo afetivo pode ser elaborado mais lentamente, havendo uma consolidação após o nascimento e com o desenvolvimento da criança. Estudos abordam a nova perspetiva de paternidade, em que a relação precoce pai-bebé tem vindo a ser estimulada e, simultaneamente, considerada fundamental para o desenvolvimento da criança.
No último trimestre, a ligação mantém-se fortalecida, prevê-se um aumento da comunicação entre a díade parental e o bebé, maior perceção dos movimentos fetais e, consequentemente, do crescimento do bebé.Neste momento a idealização quanto ao bebé continua, a mãe/casal pode divagar no mundo das características e traços de personalidade, que ela pensa serem associáveis ao seu bebé, tendo em conta os seus movimentos in utero.

  Quatro tipos de representações parentais para o bebé:


 - A criança fantasmática, representação que os pais têm separadamente sobre o filho, tendo em consideração a história individual de cada um dos pais;
 - A criança imaginária, surge como representação menos inconsciente construída pelo casal, assenta em características imaginadas e projetadas para a criança, como por exemplo, o sexo da criança;
 - A criança narcísica, representação que se relaciona com os ideais que os pais têm para a criança, começam a pensar de como será o filho na sucessão geracional;
 - A criança mítica, esta representação está implícita com o social, ou seja, está diretamente relacionada com determinada sociedade, circunscrita a um momento.
 As representações parentais sobre o filho esperado e desejado irão influenciar o tipo de interação estabelecida entre a díade parental e o bebé.
 A clareza destas representações facilita o aparecimento de ligações afetivas, e consequentemente, permite a ruptura do modelo tradicional de pai.


- A MORTE NO NASCIMENTO


A verdade é que a morte faz parte da vida, sendo-lhe atribuída uma realidade, como certa para todos os indivíduos, mas que se mantém oculta. 
A morte é considerada um tema tabu, que ninguém quer ou gosta de falar. O autor utiliza a metáfora ao fazer referência à morte como se de uma meta se tratasse e a vida encarada, como uma corrida, em que a meta pode ser cortada a qualquer momento.
 A morte impõe-se a todas as idades: “(…) Desde o nascimento que se pode lançar uma ponte entre o berço e o caixão, feito das mesmas tábuas”. 
. A perda interrompe a gravidez na sua plenitude, termina com a interação da díade parental com o filho, arrasta para a privação de uma série de significados: a perda da maternidade; a perda do filho amado, real ou imaginado; a perda da autoestima por sentirem que falharam no papel parental, como protetores; a perda do estatuto social enquanto pais; a perda existencial na continuidade geracional e a perda do futuro antecipado ou imaginado com o filho.Raramente a mulher/casal/familiares pensam em ideias negativas, pois toda a magia erradica e afasta essas ideias, a morte fetal, a perda inesperada é impensável.

- CONCEITOS NA PERDA PERINATAL

Mortalidade fetal 

– corresponde ao número de óbitos em útero, em fetos com 28 ou mais semanas de gestação. 


Mortalidade neonatal


 – corresponde ao número de óbitos em crianças que, tendo nascido vivas, não completam o 28.º dia. Do conceito pode-se ainda diferenciar: o período neonatal precoce (óbitos de crianças com menos de 7 dias) e o período neonatal tardio (óbitos de crianças com mais de 7 e menos de 28 dias). 

Mortalidade perinatal 

– corresponde à ocorrência de óbitos em útero, em fetos com 28 ou mais semanas de gestação, e de óbitos de crianças recém-nascidas com menos de 7 dias de idade. Engloba a mortalidade fetal e a mortalidade neonatal precoce;

A Organização Mundial de Saúde define morte fetal como a morte do produto da gestação antes da completa expulsão ou extração do corpo da mãe, no curso ou após as 20 semanas completas de gestação. O óbito é confirmado pelo facto de que, após esta separação, o feto não respira ou demonstra qualquer sinal de vida como: batimentos cardíacos, pulsação do cordão umbilical e/ou movimentos musculares voluntários e definidos.

classificadas da seguinte forma: 

- Mortes fetais precoces: quando ocorrem até às 22 semanas completas de gestação; 
- Mortes fetais intermédias: quando ocorrem com mais de 22 semanas até às 28 semanas de gestação;
 - Mortes fetais tardias: quando ocorrem depois das 28 semanas completas de gestação. 

Por sua vez, o termo “perda gestacional” engloba um conjunto de situações de perda que podem ocorrer durante toda a gestação, no momento do parto ou após o parto. 
O aborto espontâneo, a morte fetal, a morte neonatal, a interrupção médica da gravidez e a interrupção voluntária da gravidez são situações designadas como perdas gestacionais

Restabelecer o equilíbrio na família, neste processo, é a tarefa mais difícil. É emergente uma adaptação à perda, que não significa uma aceitação completa e absoluta da perda. Contrariamente, a adaptação exige a procura de formas de posicionar a perda, na dimensão de seguir em frente com a vida.
Na perda fetal, ao citarem consideram que, quanto mais avançado o período gestacional, maior é a ligação da díade com o filho. 
Resultante um maior sofrimento no contexto da perda.
 Porém, as autoras acrescentam que as reações à perda, que ocorrem na gravidez e/ou puerpério dependem da ligação ao bebé e do investimento colocado na gravidez, não havendo necessariamente, uma relação diretamente proporcional com a idade gestacional. reforçam, considerando que o sofrimento dos pais está relacionado com a “intensidade, consistência e a valência” da ligação afetiva que depositam na gravidez, e não tanto com a idade gestacional. 

DETERMINANTES DAS REAÇÕES À PERDA PERINATAL

Os pais vêem-se arrastados para sentimentos nefastos repletos de dor e de sofrimento, quando recebem a notícia da morte do filho desejado. 
A perda perinatal simboliza a perda de um projeto de vida, demarcado por fatores como: o papel do bebé na vida da mãe/casal; a idade da mãe, a idade gestacional em que ocorreu a perda; as causas e circunstâncias em que ocorreu a perda, o contexto social e psicológico no momento é muito importante, a personalidade da mãe. Na figura 1 estão presentes, estes e outros fatores que podem influenciar e determinar a forma com que os pais reagem à perda. 
As relações entre os vários fatores são fundamentais para a elaboração do processo de luto.

Figura 1 – Fatores que influenciam a reação emocional à perda perinatal.
 Das reações à perda podem-se identificar sentimentos e emoções como tristeza, solidão, culpa, raiva, irritabilidade, vazio, ansiedade, choque, desespero e desamparo, como manifestações emocionais; a baixa autoestima, confusão, dificuldades de concentração, falta de memória, e preocupação com o bebé, como manifestações cognitivas; a agitação, fadiga, choro e isolamento, como manifestações comportamentais; e sintomas como o aperto no peito, nó na garganta, dificuldade em respirar, palpitações, falta de energia, insónia e pesadelos, enquanto manifestações fisiológicas . Pais Idade Características de personalidade História prévia de perturbações emocionais ou de personalidade História de aprendizagens prévias Factores directamente ligados à gravidez Relacionamento entre o pai e a mãe do bebé Crenças religiosas Outros Apoio familiar e social disponível tipo de relacionamento entre a família alargada e a mãe eo pai do bebé Atitudes profissionais de saúde Bebé Natureza e gravidade do problema Tipo e duração do tratamento Prognóstico Peso Idade gestacional.


 A perda perinatal é, assim, considerada um fenômeno delicado e complexo, em que ocorre uma sobreposição de duas perspetivas com a mesma génese: uma corresponde à morte em si própria, a outra espelha a quebra de expectativas inerentes à gestação, o qual se assume como um momento sinónimo de vida e não com um desfecho irreversível, com uma perda concreta e finita.

 A perda de um filho é sempre um traumatismo ligado à perda de um objeto de amor em pleno investimento narcísico e libidinal.

Os grupos e associações de apoio também desempenham um papel preponderante para a elaboração do luto. Uma vez que assumem, como um espaço único e livre, onde o casal pode expressar os seus sentimentos e emoções.

- O PROCESSO DE LUTO NA PERDA PERINATAL

, no processo de luto identificam-se duas componentes essenciais: a perda e a reação à própria perda. 

A perda pode-se classificar como real ou simbólica.
 
A perda real corresponde à perda de uma pessoa, animal ou objeto querido, por sua vez, a perda simbólica equivale à perda de expectativas e de idealizações.

 É possível afirmar que, a perda real abrange componentes do mundo físico, que é palpável e atingível, já a perda simbólica incide na esfera do que é imaginável (Idem).


 Recorrendo às classificações dos autores, pode-se dizer que a perda perinatal enquadra-se na perda real, do filho objeto de amor, e simultaneamente, na perda simbólica, uma vez que ao perder o filho destroem-se todas as expectativas e idealizações futuras, que os pais durante a gravidez foram construindo e planificando nas suas mentes. 

O processo de luto referente à perda de um adulto é, na maioria das vezes, retrospectivo, uma vez que há a possibilidade de recordar e associar lembranças à pessoa no seu passado. 

Quando se trata da morte de uma criança, o luto é prospetivo, com ela morrem os desejos, as esperanças, as expectativas e as fantasias para o seu futuro.

Luto familiar é:

 “Processo de Luto: 

Experienciado pela família após a perda de um ente querido ou de algum bem material ou imaterial, com manifestação de sofrimento acompanhado por sintomas físicos e emocionais em mais do que um membro da família, ambiente familiar de luto e sofrimento, tristeza partilhada e desorganização temporária das rotinas familiares”

 Reconheceu quatro tarefas necessárias para o processo de luto:

 - A aceitação da perda: 

é extremamente importante para a elaboração do processo de luto que a mulher/casal, família reconheça que a perda é irreversível, ou seja que aceitem que a perda do filho é real. Muitas vezes, este contacto com a realidade da perda surge aquando a realização de rituais fúnebres;

- A elaboração da dor da perda:

 A mulher/casal, família tem que se permitir a sentir, a expressar e a manifestar a dor, para que seja possível a atribuição de um significado;


 - A adaptação ao ambiente: 

A mulher/casal, família tem que demonstrar habilidades para uma reorganização na vida, sem o filho perdido presente, há necessidade de repensar papéis e ajustar tarefas; 

- A capacidade de prosseguir com a vida:

 A mulher/casal, família tem que em termos emocionais consolidar a ausência do filho perdido, e determinar objetivos na e para a vida, para que esta continue.

O processo de luto pode durar anos, pelas particularidades do luto na perda perinatal, a duração de todo o processo pode ser mais longa, prosseguindo um tempo indefinido, sendo que datas marcantes como o aniversário da perda, épocas festivas em contexto familiar, podem evocar novamente a sensação de perda e intensificr  a dor.


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Idioma do conteúdo do curso

Português

Módulos e Lições do Curso

A PERDA

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